Kim ki Duk “Primavera, Verano, Otoño, Invierno... y Primavera” (2003)

Cinema, Espiritualidade e Psicoterapia

O filme “Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera” é uma profunda reflexão espiritual sobre o ciclo da vida, o karma e os ensinamentos budistas. A obra utiliza as estações do ano como metáfora das fases da existência e explora temas como a paixão, o apego, a ira e o perdão, revelando a natureza cíclica da vida e a busca pela libertação do sofrimento através da sabedoria e da transformação interior.

O ciclo da vida e o karma:
O filme apresenta a vida como um ciclo contínuo, em que o início reflete o fim, simbolizando a reencarnação e a lei do karma. Cada ação tem consequências que moldam o futuro — como se vê no aprendiz, que é repreendido por aprisionar outros seres da mesma forma que ele próprio fora aprisionado.

O conflito entre o espírito e a paixão:
A narrativa aborda a luta interna entre o desejo espiritual e as paixões terrenas, como a luxúria e os ciúmes. Quando o aprendiz se apaixona, afasta-se dos ensinamentos budistas, o que o conduz à tragédia e, posteriormente, ao regresso ao templo, onde enfrenta as consequências dos seus atos.

A busca pela iluminação e pela libertação:
O filme mostra que a verdadeira iluminação e a libertação do sofrimento nascem da compreensão da vacuidade — a inexistência de um “eu” fixo e imutável — e do desapego. A cena em que o monge grava o Sutra da Essência da Sabedoria no chão, recordando a transitoriedade de todas as coisas, ilustra de forma sublime esta lição.

A natureza como espelho do ser humano:
A beleza e a força da natureza contrastam com a agitação interior das personagens. As imagens do templo flutuante, rodeado pela imponência das montanhas, recordam-nos que é possível encontrar paz mesmo em meio às tempestades da vida — através da meditação, da penitência e do crescimento espiritual.

Silêncio e simbolismo:
O realizador Kim Ki-Duk recorre ao silêncio e às imagens em vez de longos diálogos para transmitir mensagens profundas, demonstrando que o cinema, enquanto arte visual, pode transcender as barreiras da linguagem e conectar-nos com a condição humana de forma mais íntima e universal.

Reconciliação e renovação:
O filme termina com o início de um novo ciclo, agora permeado por aprendizagem e renovação. O monge renascido, após o ciclo de morte e reencarnação, parece ter alcançado uma nova compreensão da vida, integrando as suas experiências no seu caminho espiritual.

Link para ver o filme (em espanhol):
http://ok.ru/video/2427029686808